CBD et Cancer

CBD e Cancro: O Canabidiol pode ajudar contra o Cancro?

Romain Lyomat

Nos últimos anos, o cannabidiol, mais conhecido como CBD, impôs-se amplamente no panorama do bem-estar, da saúde natural e da medicina complementar. Mas para além da sua utilização para aliviar a ansiedade ou as dores crónicas, há outro campo de interesse que desperta uma profunda curiosidade: o potencial do CBD no acompanhamento de pacientes com cancro.

A oncologia moderna enfrenta uma procura crescente por soluções menos invasivas, melhor toleradas e capazes de aliviar a gama de sintomas induzidos pela doença e pelos seus tratamentos. Muitos são os pacientes que oscilam entre tratamentos convencionais e abordagens complementares. O CBD suscita um grande entusiasmo neste conjunto de pesquisas e testemunhos.

CBD e Cancro

Compreender o CBD: uma molécula, uma promessa?

Derivado da planta de cannabis, o CBD pertence à família dos canabinoides, tal como o THC, do qual difere pelas suas propriedades não psicotrópicas. Consumidores e investigadores valorizam sobretudo a sua suposta capacidade para modular a dor, reduzir a inflamação, aliviar as náuseas ou ainda favorecer o sono.

O sistema endocanabinoide do corpo humano, descoberto há apenas algumas décadas, intriga os cientistas: influenciaria muitos processos biológicos, nomeadamente o humor, o apetite, as respostas imunitárias e até a proliferação celular, o que poderia ter implicações para tumores e cancro. O CBD interagiria com este sistema sem provocar os efeitos psicoativos do THC, o que abre a porta a aplicações terapêuticas.

Tabela: Diferenças entre CBD e THC

Propriedade CBD THC
Efeito psicotrópico Não Sim
Estatuto legal (França) Legal (desde que < 0,3 % THC) Ilegal
Efeitos pretendidos Anti-inflamatório, ansiolítico, relaxante Euforizante, analgésico
Uso médico Apoio a múltiplos sintomas Uso limitado, controlado

As expectativas dos pacientes face ao cancro

Um diagnóstico de cancro altera a vida. Muitas vezes, os doentes procuram soluções para:

  • Aliviar as dores, por vezes intensas e resistentes aos analgésicos clássicos
  • Diminuir a fadiga e a perda de sono consequentes do stress ou dos tratamentos
  • Combater a ansiedade e a depressão induzidas pela doença
  • Aliviar as náuseas e vómitos relacionados com a quimioterapia, frequentemente observados em pacientes com cancro
  • Estimular o apetite, frequentemente diminuído

A cannabis, sob a forma de CBD ou óleo de CBD, vai progressivamente encontrando um lugar no acompanhamento destes sintomas. Mas o desafio é grande: este composto pode realmente aliviar os efeitos indesejados e os efeitos secundários, e mais ainda, ajudar a combater o próprio cancro?

Investigação científica: em que ponto estamos?

As publicações científicas sobre o CBD e o cancro multiplicaram-se nos últimos quinze anos, principalmente por laboratórios americanos, canadenses, israelitas e europeus, contribuindo para a experimentação de novas terapias à base de cannabis. Os primeiros resultados deixam antever algumas propriedades interessantes do CBD, tanto na gestão dos sintomas como na interação direta com as células cancerígenas.

Alívio dos sintomas

Vários estudos clínicos e relatórios de observação sugerem que o CBD, sozinho ou associado a outros canabinoides, poderá:

  • Reduzir significativamente a dor neuropática e inflamatória
  • Limitar os episódios de náuseas e vómitos em alguns pacientes em quimioterapia
  • Promover o adormecimento e melhorar a qualidade do sono

Estes efeitos seriam devidos à interação do CBD com os recetores CB1 e CB2 do sistema endocanabinoide. Os mecanismos precisos ainda precisam de ser esclarecidos, mas os resultados concordam com numerosos testemunhos recolhidos em França e no mundo.

Ação potencial sobre as células cancerígenas

Para além do apoio sintomático, pesquisas in vitro (em células de laboratório) e in vivo (em modelos animais) examinaram a capacidade do CBD para tratar o cancro e para:

  • Inibir a proliferação de certas células cancerígenas associadas ao cancro
  • Promover a apoptose, ou seja, a morte "programada" das células tumorais
  • Reduzir a formação de novos vasos sanguíneos necessários ao crescimento dos tumores

Estes estudos dizem respeito a vários cancros: glioblastoma (tumor cerebral), cancro da mama, cancro do pulmão, cancro do cólon, melanoma... No entanto, ainda existem muito poucos ensaios clínicos realizados em larga escala em humanos, o que aconselha grande prudência.

Limites dos conhecimentos atuais

  • Falta de estudos clínicos robustos em humanos.
  • Resultados por vezes contraditórios consoante o tipo de cancro.
  • Dosagens eficazes e segurança a longo prazo ainda não claramente estabelecidas.
  • Interações potenciais com medicamentos anticancerígenos clássicos.

É necessária uma vigilância: o CBD, embora possa ter efeitos secundários, não deve substituir um protocolo de cuidados oncológicos, mas merece ser melhor estudado como complemento. A investigação francesa continua muito ativa, nomeadamente através do Instituto Nacional do Cancro e plataformas universitárias.

Testemunhos e expectativas dos pacientes

O percurso do paciente com cancro está cheio de obstáculos. O recurso ao CBD é muitas vezes feito por conselho de associações de pacientes, familiares ou após leituras online. Três preocupações destacam-se nestes testemunhos:

  • Aliviar rapidamente uma dor que não cede aos tratamentos convencionais.
  • Recuperar um sono reparador, frequentemente alterado.
  • Encontrar um aliado para suportar melhor a quimioterapia.

Uma paciente com cancro da mama explica: « O CBD foi um apoio precioso durante as minhas sessões de quimioterapia. Não substitui os tratamentos, mas senti uma melhoria no meu bem-estar. »

Este tipo de experiência, embora subjetiva, reflete o interesse crescente da comunidade de pacientes pelo CBD. Alguns oncologistas franceses também se interessam por este apoio potencial e acompanham os seus pacientes num uso ponderado, assinalando as limitações atuais da investigação.

Regulamentação e segurança: o que é importante saber

Em França, o CBD, derivado do cannabis, é legal sob condições estritas: deve provir de variedades autorizadas de cânhamo industrial, apresentar um teor de THC inferior a 0,3 % e ser extraído segundo protocolos que respeitem a legislação.

Antes de qualquer utilização num contexto de doença grave, é fundamental discutir com o seu oncologista ou farmacêutico:

  • Para evitar interações indesejadas com certos tratamentos (nomeadamente medicamentos metabolizados pelo fígado)
  • Para adaptar a dosagem ao peso, aos sintomas e à tolerância de cada um
  • Para privilegiar produtos certificados, analisados em laboratório e isentos de contaminantes

Critérios para escolher um CBD de qualidade:

Critério Recomendação
Origem do cânhamo Europa, agricultura biológica
Teor de THC < 0,3 %
Método de extração CO2 supercrítico ou equivalente
Presença de análises laboratoriais Obrigatório
Forma galénica Óleo, cápsulas, infusão

Perspetivas médicas e eixos de investigação

A medicina integrativa acolhe o CBD com um interesse prudente mas sincero. Entre os eixos de investigação mais promissores estão:

  • O potencial do CBD para atenuar a neuropatia associada a certos tratamentos (dores nos nervos)
  • A sua ação anti-inflamatória na sintomatologia do cancro do pâncreas, do cólon ou do fígado
  • A possibilidade de o associar a outros canabinoides ou fitoterapias para maximizar os benefícios (efeito « entourage »)
  • A procura de doses eficazes, adaptadas a cada paciente, e de formas galénicas inovadoras

A questão da segurança a médio e longo prazo, nomeadamente para os doentes com cancro, continua central. As associações de pacientes, as sociedades científicas e as autoridades de saúde trabalham em estreita colaboração para garantir um uso responsável do CBD.

Rumo a uma melhor informação dos pacientes e dos cuidadores

Muitas vezes, os doentes recorrem ao CBD sem falar com o seu médico, por medo de recusa ou julgamento precipitado. No entanto, uma comunicação aberta e um acompanhamento médico são indispensáveis.

Os profissionais de saúde participam agora em formações para compreender melhor o funcionamento do CBD e orientar os seus pacientes neste processo. As plataformas de teleconsulta, os farmacêuticos e os serviços hospitalares especializados também se envolvem para oferecer informação de qualidade.

Para os utilizadores, algumas precauções devem ser respeitadas:

  • Informar sempre a sua equipa médica sobre a toma de CBD
  • Privilegiar os circuitos de compra oficiais e os produtos certificados
  • Estar atento a qualquer efeito secundário e consultar em caso de dúvida

Finalmente, o CBD está a afirmar-se lentamente como um companheiro para muitos doentes com cancro em França. O seu papel exato ainda está por definir, mas a dinâmica de investigação e a vontade de acompanhar melhor os pacientes anunciam uma evolução positiva das práticas, sempre guiada por dados objetivos e segurança.

Adicione um comentário

*Comentários devem ser aprovados antes de serem postados.