Dopagem com CBD em competição: o que diz a WADA?
O canabidiol (CBD) atrai uma atenção crescente, tanto do público em geral como do meio desportivo, devido às suas associações com o bem-estar. Extraído do cânhamo, este composto não psicoativo promete inúmeros benefícios terapêuticos, nomeadamente para aliviar a ansiedade, favorecer a recuperação muscular e reduzir a inflamação. Face ao seu crescimento, os desportistas questionam-se cada vez mais: será que a sua utilização em competição é arriscada do ponto de vista do cbd doping? As diretrizes da Agência Mundial Antidopagem (WADA) são claras a este respeito? Vamos analisar juntos as implicações do CBD na regulamentação do desporto.

Imersão na definição de CBD
O CBD é um dos múltiplos canabinoides presentes naturalmente na cannabis. Ao contrário do THC (tetrahidrocanabinol), outro princípio ativo famoso, não altera as perceções nem as funções cognitivas. A ausência de efeitos psicotrópicos contribui para a sua integração em muitos produtos de cbd: óleos, cremes, suplementos alimentares, até bebidas.
O mercado do CBD está a explodir, abrangendo muitos domínios, desde o amador ao desporto de alto nível, alimentado em parte pela crescente legalização do CBD. Por que este entusiasmo? Vários estudos sugerem que o canabidiol pode atuar como analgésico, diminuir dores musculares, limitar inflamações e ajudar no sono. Não é de estranhar que os atletas queiram saber se lhes é permitido consumi-lo sem receios.
As missões da WADA
Antes de entrar em detalhes, é importante relembrar o papel da WADA. A Agência Mundial Antidopagem, fundada em 1999, visa garantir a equidade das competições desportivas a nível internacional. Todos os anos, publica uma lista de substâncias e métodos proibidos. Esta lista aplica-se a todas as disciplinas abrangidas pelo Código Mundial Antidopagem.
O trabalho da WADA concentra-se em três critérios principais para que uma substância seja colocada na lista negra:
- Risco para a saúde do atleta
- Potencial para melhorar o desempenho desportivo
- Violação do espírito desportivo
Se uma substância cumprir duas destas condições, pode ser incluída na lista negra. E quanto ao CBD?
A evolução da posição da WADA sobre o CBD: Dopagem com Cbd em competição
Até 2018, todos os canabinoides estavam entre os produtos proibidos, sem distinção. No entanto, a partir de 1 de janeiro de 2018, a WADA remove explicitamente o canabidiol (CBD) da sua lista de substâncias proibidas. A partir de agora, apenas o THC e os seus derivados permanecem proibidos.
Aqui está um excerto traduzido do texto oficial:
"O canabidiol (CBD) já não é proibido. No entanto, todos os outros canabinoides naturais ou sintéticos são proibidos."
Este movimento da WADA baseia-se na ausência de euforia, efeitos secundários, alteração cognitiva ou risco significativo para a saúde com o CBD puro.
Ano | Estatuto do CBD | Estado do THC |
---|---|---|
2017 | Proibido | Proibido |
2018 | Autorizado | Proibido |
2024 | Autorizado | Proibido |
Os limites e armadilhas para os atletas
Este aparente sinal verde deve, no entanto, ser manuseado com prudência. Se o CBD isolado é autorizado, a grande maioria dos extratos comercializados contém outros canabinoides, incluindo THC, mesmo em baixa concentração. Ora, a deteção de vestígios de THC durante um controlo antidoping pode levar à desqualificação, ou mesmo a sanções disciplinares.
Os pontos de atenção:
- Os óleos "full spectrum" e alguns extratos brutos contêm THC residual
- As diferenças de legislação de país para país complicam a escolha dos produtos CBD
- A pureza dos produtos nem sempre é garantida, mesmo nos circuitos legais
Um controlo antidoping não distingue a origem dos canabinoides na urina: só a concentração conta. Os limites autorizados para o THC são muito baixos e podem ser ultrapassados mesmo com um óleo rotulado "sem THC".
Precauções para garantir que não se corre nenhum risco: CBD e doping em competição
Para os atletas que desejam integrar o CBD na sua rotina, a vigilância continua a ser necessária. Alguns reflexos são essenciais:
- Escolher isolados puros de CBD (CBD isolate), garantidos 0% de THC
- Exigir uma análise laboratorial independente para cada lote comprado
- Privilegiar os fabricantes transparentes sobre os seus processos de extração e purificação
- Manter-se informado sobre as atualizações regulares da lista WADA
A tabela seguinte ajuda a ver de relance as diferenças de risco:
Tipo de produto | Risco de teste positivo para THC |
---|---|
CBD isolado puro | Muito fraco a nulo |
Óleo "broad spectrum" | Fraco a moderado |
Óleo “full spectrum” | Médio a elevado |
Flores de CBD (brutas) | Médio a elevado |
Mesmo respeitando estas regras, o risco zero não existe. Algumas pessoas metabolizam os canabinoides de forma diferente, e as contaminações cruzadas durante a fabricação não são impossíveis.
O caso particular do desporto profissional
Nos atletas de alto nível, a questão do CBD continua delicada. Muitas federações nacionais optaram por seguir a linha da WADA, mas algumas mantêm ainda restrições específicas. O conhecimento dos regulamentos próprios de cada disciplina é, portanto, crucial.
Destacamos também o impacto da perceção social: mesmo legal, o CBD ainda transmite em alguns meios uma imagem associada à cannabis. Os patrocinadores, treinadores ou o público podem interpretar mal o seu uso, daí a necessidade de pedagogia.
Por que razão os atletas estão interessados no CBD?
O sucesso do CBD junto dos atletas baseia-se em benefícios frequentemente relatados:
- Alívio das dores crónicas ou agudas
- Melhoria do sono e da recuperação
- Redução da ansiedade pré-competitiva
- Diminuição da inflamação após o exercício
Figuras do desporto, como a tenista Venus Williams ou alguns jogadores de basquetebol americanos, reivindicam publicamente o seu uso de CBD.
Embora as provas científicas se multipliquem quanto ao seu interesse, ainda existem zonas cinzentas relativamente aos efeitos a longo prazo e às interações com outras substâncias.
Enquadramento legal, perceção social e questões éticas: CBD e doping em competição
O enquadramento jurídico do CBD varia ainda consideravelmente consoante as regiões do globo. Em França, o CBD puro é autorizado para venda e consumo, desde que não contenha mais de 0,3% de THC. Alguns vizinhos europeus, como a Alemanha ou a Suíça, adotam posições ainda mais liberais para produtos à base de cânhamo.
As questões em torno do CBD não se limitam às análises antidoping. A integração deste suplemento na rotina desportiva questiona a nossa relação com a dor, o desempenho, e até a recuperação honesta. A partir de quando o recurso a um produto, mesmo natural, começa a falsear a competição? A fronteira é ténue, tanto a nível regulamentar como ético.
Deteção do CBD e dos canabinoides durante os controlos
Atualmente, a deteção durante os controlos antidoping foca-se sobretudo no THC, facilmente identificável graças aos seus metabólitos específicos na urina ou no sangue. Os outros canabinoides naturais, à exceção do CBD isolado, continuam catalogados como proibidos.
Todo atleta controlado positivo para THC deve provar que não usou voluntariamente uma substância proibida, uma precisão difícil quando se sabe que o limite é muito baixo (150 nanogramas por mililitro de urina).
Alguns laboratórios oferecem agora certificados de análise detalhados, garantia de qualidade, mas a sua obtenção não isenta totalmente o atleta da sua responsabilidade. Por isso, é aconselhável arquivar todos os certificados e recibos de compra para se proteger em caso de controlo contestado.
Tabela resumo: perspetivas mundiais sobre o CBD
País | Estatuto do CBD | Limite legal de THC | Obstáculos específicos |
---|---|---|---|
França | Autorizado | ≤ 0,3 % | Regulação estrita dos usos |
Suíça | Autorizado | ≤ 1 % | Acesso livre, uso generalizado |
Estados Unidos | Variável | ≤ 0,3 % (federal) | Leis por Estado |
Canadá | Autorizado | ≤ 0,3 % | Vigilância de qualidade reforçada |
Este panorama mostra que a utilização do CBD deve sempre ser acompanhada de uma vigilância regulatória pessoal, especialmente em caso de deslocação internacional para competição.
Pontos-chave a reter: CBD e doping em competição
- O CBD, quando absolutamente puro, não é mais considerado um agente dopante pela WADA.
- O THC e os outros canabinoides continuam a ser proibidos, e a menor traço pode levar a sanção durante um controlo.
- Para garantir a ausência de THC, os desportistas devem recorrer a produtos isolados de qualidade farmacêutica, acompanhados de certificados sólidos.
- As legislações nacionais ou os regulamentos específicos de algumas federações podem impor restrições adicionais.
A chegada do CBD ao universo desportivo coloca questões inéditas aos atletas, médicos e às entidades dirigentes. A influência da investigação médica, as evoluções jurídicas e a pressão dos atletas moldam hoje o futuro do desporto saudável e ético.